13 jun 2021

Nova peça original na exposição da Casa Fernando Pessoa - da primeira à última palavra.

As primeiras palavras que se sabe que Pessoa escreveu estarão expostas na Casa Fernando Pessoa a partir de 13 de junho. Por doação, o original do Floral Birthday Book foi incorporado na coleção da Casa e é agora mostrado

Fernando Pessoa, com cerca de seis anos, escreveu no livro de aniversários de sua mãe o nome Chevalier de Pas, em duas das datas. Um livro de aniversários é um objeto que permite registar nomes em datas, como uma agenda perpétua. Este registo é muito relevante na obra de Fernando Pessoa. O escritor refere-o na carta que escreveu em 1935 a Adolfo Casais Monteiro, seu amigo e diretor da revista Presença, onde relata como teria criado os seus heterónimos num único dia, 8 de Março de 1914, o Dia Triunfal. 

Da carta a Adolfo Casais Monteiro Lembro, assim, o que me parece ter sido o meu primeiro heterónimo, ou, antes, o meu primeiro conhecido inexistente — um certo Chevalier de Pas dos meus seis anos, por quem escrevia cartas dele a mim mesmo, e cuja figura, não inteiramente vaga, ainda conquista aquela parte da minha afeição que confina com a saudade.


A singularidade da obra de Fernando Pessoa é visível na criação dos heterónimos, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, figuras que criou com uma biografia e uma obra atribuídas. Ao contrário de outras personagens que o escritor inventou, os heterónimos tinham como Chevalier de Pas uma data de nascimento definida.

As datas de nascimento sempre interessaram a Fernando Pessoa. Até agora estavam reproduzidas algumas páginas do Floral Birthday Book com grande escala. A nova peça será mostrada na data do nascimento do escritor, ficando assim em exibição nesta exposição os primeiros e últimos escritos de Pessoa. A exposição abre com esta nova peça e termina com a última frase, escrita por Pessoa na véspera da sua morte.
Completa-se assim na Rua da Coelho da Rocha, 16-18, o arco temporal da vida e escrita.