Escreveu Pessoa, diz a Casa
Quando desenhámos a museografia da Casa Fernando Pessoa, quando imaginámos os espaços e os ambientes que iriam resultar, chegámos à ideia de estarmos numa casa que fala. A morada de um escritor, uma casa de livros, um museu de literatura. Numa parede, palavras salientes vêm à superfície para deixar uma nota: “Sou hoje o ponto de reunião de uma pequena humanidade só minha”, escreveu Pessoa, diz a Casa.
Ponto de reunião de várias humanidades, Pessoa continuamente atrai e magnetiza leitores. Leitores-investigadores, leitores-performers, leitores-fotógrafos – falando só deste mês.
O Congresso Internacional Fernando Pessoa vai acontecer dentro de dias, na Fundação Calouste Gulbenkian. De quatro em quatro anos, a Casa organiza um grande encontro de investigadores e professores, leitores profissionais que estudam e debatem o que Pessoa deixou escrito. Este ano é ano de Congresso.
Leitores-performers, pois Ana Jordão pegou numa corda e deu-lhe vida, confundiu-se com ela na leitura que fez de «Tabacaria» de Álvaro de Campos na performance chamada I am (k)not.
Leitores-fotógrafos – caso de Pedro Matos Soares, autor da exposição temporária “Pessoas com relações com Pessoa” que em breve se encerra. Nestes retratos estão as pessoas que leram em voz alta sonetos de Pessoa: a voz captada pela câmara, a memória de fala fixada na fotografia. Pelas paredes da Casa, podemos ouvi-las.
Clara Riso · Diretora da Casa Fernando Pessoa